Lidar com minorias despolitizadas é um enorme problema. Você aperta de um lado, ela escapa para o outro. O calo aperta quando surge um candidato apoiado por uma minoria religiosa e por uma igreja opressora dos direitos civis e liberdades individuais. Para onde a minoria despolitizada escapa? Para o lado do discurso liberal (econômico), pseudo-libertário e com uma roupagem progressista e "moderninha". Fogem de um Russomanno para cair num – na verdade, voltar para um – Serra. Mas oras, existem alternativas!
Se você não é politizado o suficiente para entender que nem tudo o que a mídia liberal e conservadora fala sobre governos trabalhistas e progressistas é verdadeiro, ao menos escolha outras alternativas ainda mais diferentes. Você não precisa votar no PT se realmente acredita quando dizem que ele é o inimigo público número 1 deste país. Você pode votar no Gabriel Chalita. Ele não é de esquerda, não é de direita, não é nada. É peemedebista, somente. Se você quiser um tucanismo mais "moderninho", "descoladinho" e "hype", pode votar na Soninha. Ou então, se você for mais "vermelho", pode votar no Giannazi. Esse tem menos chances de ganhar, mas é uma alternativa. Ainda existem outros candidatos que surgem como alternativas, porém, com chances ínfimas de serem eleitos. Mas nem sempre um voto tem que ser depositado naqueles que têm condições de ganhar. E é devido a esse "engessamento" do voto e da consciência política de alguns, que me pergunto: será que algumas pessoas se importam mais com a própria realidade, com os próprios direitos do que com o bem-estar geral? Existe, de fato, uma noção de bem-estar coletivo?
Tirar a Parada Gay da Paulista não pode? Não. Oprimir os gays, os umbandistas, entre outras minorias, não pode? Não, não pode. Mas queimar favelas também não pode. Trabalhar em conluio com a mídia para atender aos interesses do poder privada – ops, perdão: poder privado – também não. Apresentar projetos às pressas, fazer obras de metrô apressadas, mal-feitas, com processos de licitação duvidosos, só para comprar votos e garantir a manutenção de curral eleitoral e ainda entregar o controle do transporte a grandes consórcios particulares; também não pode. Inaugurar maquete para conseguir votos em reta final também não. O mesmo que contar com a ajuda de pesquisas de intensão de voto compradas por seus aliados para dar um "empurrãozinho" na reta final. Também não pode. Aliás, até pode. Mas cabe ao eleitor, ao cidadão, abrir os olhos e analisar a veracidade e a verdadeira intenção por trás de algumas medidas.
Eu tenho mais medo da opressão do poder econômico e privado, do que da opressão religiosa. Principalmente vinda de uma religião minoritária. Contra essa última opressão eu tenho voz. Tenho armas contra. Aliás, aparentemente, já há uma consciência formada em torno disso. Em torno da resistência a este tipo de opressão. Mas e quanto a opressão do poder privado? Existe consciência em relação a ela? Não, não existe. Pois ela compra a todos. Ela é compradora de consciências. Movedora de influências. E tão manipuladora e alienadora quanto a opressão religiosa. Por isso, infelizmente, quase ninguém possui essa consciência. Se venderam e foram devidamente comprados. E ainda criticam evangélicos, votando em candidatos indicados pelo pastor, pelo bispo. Será que eles são os únicos manipulados? A única massa de manobra? O único gado? Eu acho que não.
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